Projetos de Pesquisa e Extensão

Projetos de Extensão

 

Virtualização do Acervo de Arqueologia do Pantanal

Resumo

O trabalho arqueológico é essencialmente destrutivo, pois, após a escavação, um sítio não pode ser reconstituído. Por isso, o registro criterioso e a preservação dos dados e materiais são fundamentais. A arqueologia envolve uma relação entre passado e presente, mediada por indivíduos e instituições, e sua preservação depende da difusão do conhecimento produzido.

O acervo do Laboratório de Arqueologia do Pantanal (LAPAN/UFMS) reúne mais de 88 mil artefatos — cerâmicas, líticos, ossos, madeiras, conchas, entre outros — provenientes de doações e escavações, parte dos quais está exposta ao público. Diante da crescente digitalização e das novas formas de interação com o conhecimento, o projeto propõe virtualizar o acervo do LAPAN, ampliando seu acesso e atratividade.

A proposta visa adotar tecnologias livres (como QR Codes, realidade virtual e aumentada, aplicativos e audioguias) para criar um acervo virtual interativo, inspirado em exemplos de museus nacionais e internacionais que já oferecem visitas online. O uso de software livre é central, pois permite adequar ferramentas às necessidades locais sem custos de licenciamento.

O projeto inclui o levantamento e digitalização 3D de peças representativas, criação de tabelas informativas, testes e seleção de softwares livres adequados e a disponibilização do acervo na internet e nas exposições físicas.

Espera-se que o resultado amplie o acesso público e científico ao acervo, fortalecendo a preservação, a difusão do patrimônio arqueológico pantaneiro e o papel do LAPAN como espaço de ensino, pesquisa e extensão.

 

Arqueologia do Pantanal – Análises arqueológicas, laboratoriais, educação patrimonial e endosso institucional do Laboratório de Arqueologia do Pantanal – CPAN/UFMS

Resumo

O Laboratório de Arqueologia do Pantanal (LAPan) foi criado em 1996 no Campus do Pantanal (UFMS/CPAN), a partir de uma bolsa de Desenvolvimento Científico Regional/CNPq. Desde então, consolidou-se como um espaço essencial para pesquisa arqueológica e formação de estudantes de História, especialmente nas disciplinas de Arqueologia e Prática de Laboratório.

O LAPan oferece infraestrutura adequada para triagem, higienização e análise de materiais arqueológicos (cerâmicos, líticos, faunísticos, etno-históricos e de arte rupestre). Atualmente, é coordenado pela Prof.ª Dr.ª Luana Cristina da Silva Campos, e possui acesso aberto a acadêmicos, docentes e pesquisadores, contando com coleções de referência e biblioteca especializada.

A arqueologia pantaneira, segundo Oliveira (2000), passou por dois momentos: o primeiro, marcado pelo reconhecimento da antiguidade dos povos indígenas e suas estruturas monticulares; e o segundo, a partir das últimas décadas do século XX, com o fortalecimento da arqueologia acadêmica, impulsionado pela redemocratização e pela criação de cursos de pós-graduação. Nesse contexto, o projeto de extensão “Arqueologia do Pantanal” visa ampliar a atuação do laboratório por meio da oferta de serviços de diagnóstico, prospecção, resgate e mapeamento arqueológico, bem como da celebração de contratos, convênios e endossos institucionais.

O projeto justifica-se pela carência de laboratórios especializados no Estado, pelo aumento da demanda de pesquisas arqueológicas associadas à expansão do agronegócio e pela necessidade de fortalecer a preservação do patrimônio arqueológico regional. Entre seus objetivos específicos, destacam-se a identificação e o cadastramento de sítios arqueológicos conforme as normas do IPHAN, a execução de projetos de arqueologia preventiva e de emergência, a catalogação de materiais, a produção de material cartográfico e a realização de ações de educação patrimonial e ambiental.

Integrando ensino, pesquisa, extensão e empreendedorismo, o LAPan segue as diretrizes da Instrução Normativa nº 001/2015 do IPHAN, consolidando-se como uma referência nacional em arqueologia e gestão do patrimônio cultural no Pantanal.

 

Diálogos sobre Patrimônio Cultural e Ações Climáticas

Resumo

Esse projeto busca promover reflexões e estratégias participativas sobre os impactos das mudanças climáticas no patrimônio cultural brasileiro. A iniciativa, proposta pelo IPHAN, envolve uma série de encontros realizados entre 2023 e 2025 em diferentes biomas do país, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal.

Os diálogos reúnem especialistas, representantes de comunidades tradicionais e instituições parceiras para identificar riscos, fortalecer ações de resiliência e propor medidas de mitigação e adaptação. O objetivo é construir coletivamente diagnósticos e protocolos de gestão de riscos que contribuam para a preservação e salvaguarda do patrimônio cultural frente aos desafios climáticos.

 

III Encontro de arqueologia e história antiga no Pantanal – Saberes em Trânsito: arqueologia, história e os caminhos do conhecimento

Resumo

O III Encontro de Arqueologia e História Antiga no Pantanal propõe um espaço de diálogo intercultural e interdisciplinar sobre a circulação e transformação dos saberes ao longo do tempo. Com o tema “Saberes em Trânsito: arqueologia, história e os caminhos do conhecimento”, o evento será realizado em Corumbá/MS, região de tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, nos dias 24, 25 e 26 de junho de 2026.

A iniciativa reúne pesquisadores, estudantes, comunidades tradicionais e povos indígenas, promovendo trocas entre conhecimentos técnico-científicos e saberes tradicionais. Com caráter extensionista, o encontro contará com mesas-redondas, oficinas, rodas de conversa e celebrações culturais integradas à Festa do Banho de São João, fortalecendo a conexão entre ciência, cultura e território.

 

Preservando Legados: Adaptação Comunitária e Patrimônio Cultural Frente às Mudanças Climáticas na Comunidade Indígena da Barra do São Lourenço

Resumo

O projeto “Preservando Legados” tem como objetivo fortalecer a capacidade adaptativa da Comunidade Indígena da Barra do São Lourenço, no Pantanal, frente aos impactos das mudanças climáticas, preservando seu patrimônio cultural e natural. Desenvolvido no âmbito da iniciativa global Preserving Legacies — uma parceria entre o ICOMOS, a National Geographic Society e a Climate Heritage Network —, o projeto integra ciência climática, saber tradicional e cooperação internacional.

As ações incluem oficinas comunitárias, treinamentos, mapeamento participativo e a produção de um documento final que reúne conhecimentos científicos e culturais sobre riscos e estratégias de adaptação. A iniciativa busca valorizar a cultura local, promover a resiliência climática e ampliar a rede de cooperação entre a comunidade, a universidade e instituições internacionais.

 

Capacitação e Transferência de Conhecimento sobre os Antigos Aterros Sanitários do Povo Indígena Guató como Ferramenta de Combate às Mudanças Climáticas

Resumo

O projeto tem como objetivo preservar e revitalizar o conhecimento tradicional Guató relacionado à construção de aterros arqueológicos e ao manejo sustentável do ambiente, fortalecendo a resiliência climática no Pantanal.

A iniciativa alia saberes ancestrais e ciência moderna em ações como mapeamento com drones, replantio de espécies nativas, criação de barreiras contra incêndios e cheias, oficinas de transmissão de saberes e pesquisas arqueológicas e ambientais. O projeto busca salvaguardar o patrimônio cultural Guató, promover a adaptação às mudanças climáticas e oferecer um modelo replicável para outras comunidades tradicionais do bioma.

 

Cultura e Clima – Letramento em Mudanças Climáticas, Adaptação e Resiliência

Resumo

O curso “Cultura e Clima” tem como objetivo promover o letramento em mudanças climáticas e suas interações com a cultura, fortalecendo as capacidades de adaptação e resiliência de gestores, agentes culturais e profissionais do setor. A iniciativa é voltada principalmente a membros dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura e demais interessados que atuam no campo cultural.

Realizado em três etapas integradas, o curso inclui formação prévia voltada à COP30 em Belém/PA, letramento sistêmico sobre cultura e clima e aprofundamento para gestores da cultura. As atividades combinarão aulas síncronas e assíncronas, com uso de plataformas digitais e material de referência do programa internacional Preserving Legacies e do ICOMOS Internacional. A formação será concluída com um evento presencial de certificação.

A proposta se alinha à preparação nacional para a COP30, consolidando o protagonismo cultural brasileiro nos debates globais sobre clima, patrimônio e sustentabilidade.

 

Projetos de Pesquisa

 

Quaternário, materialidades, culturas e processos educativos

Resumo

O projeto “Quaternário, materialidades, culturas e processos educativos” propõe articular pesquisas desenvolvidas no curso de História da UFMS/CPAN, especialmente os Trabalhos de Conclusão de Curso, em um escopo coletivo e interdisciplinar. A proposta parte do reconhecimento da relevância do tempo arqueológico (Quaternário) e de seu legado material como mediadores de memórias, identidades e práticas culturais, articulando-os às dimensões do ensino e da educação patrimonial.

A justificativa central está na ausência de um grupo de pesquisa estruturado na unidade que reúna, de forma integrada, investigações sobre arqueologia, cultura material e processos educativos. O projeto busca preencher essa lacuna ao consolidar um eixo teórico-metodológico comum, capaz de potencializar a produção científica, fortalecer a formação discente e ampliar a visibilidade institucional do CPAN.

Metodologicamente, o projeto se ancora nas pesquisas de TCC, que funcionarão como estudos de caso agregados a um eixo integrador. A orientação, a socialização dos resultados em eventos acadêmicos e a sistematização em relatórios e publicações constituem as etapas fundamentais para consolidar o campo de pesquisa proposto.

Entre os resultados esperados destacam-se: a produção acadêmica integrada, a qualificação da formação discente, o fortalecimento institucional com vistas à criação de um grupo de pesquisa, a integração com práticas de ensino e extensão, e o impacto social e regional na valorização do patrimônio cultural de Corumbá e do Pantanal.

 

Os sítios de aterros no Pantanal e sua relação com as mudanças climáticas no Holoceno

Resumo

O Holoceno foi um período marcado por intensas variações climáticas, com eventos de diferentes escalas que impactaram a dinâmica hídrica e ambiental do hemisfério sul. No Pantanal, estudos paleoambientais indicam alternâncias entre períodos mais secos e úmidos, refletidas na formação de lagoas, depósitos arenosos e transformações ecológicas significativas. Essas oscilações ambientais influenciaram diretamente as estratégias de ocupação humana, evidenciadas pelos sítios arqueológicos conhecidos como aterros, estruturas elevadas construídas próximas a corpos d’água que garantiam segurança frente às cheias e demonstram uma ação adaptativa e colaborativa dos grupos pantaneiros frente às mudanças ambientais.

O projeto propõe investigar a função dos sítios aterros do Pantanal Sul-Mato-Grossense à luz das transformações climáticas do Holoceno, buscando compreender suas variações construtivas, cronológicas e socioeconômicas. Parte-se da hipótese de que as diferenças estruturais entre os aterros refletem respostas adaptativas a eventos climáticos e transformações ambientais, desafiando paradigmas clássicos sobre a relação entre cerâmica, agricultura e sedentarismo.

A metodologia combina análise documental e paleoambiental, sensoriamento remoto, prospecção arqueológica e estudos laboratoriais (fitólitos, polens e carbono). A abordagem hermenêutica e dialética visa integrar dados arqueológicos e ambientais sob uma perspectiva de ecologia histórica, compreendendo o Pantanal como espaço de interação contínua entre cultura e natureza.

Espera-se estabelecer correlações entre as transformações estruturais dos aterros e os eventos climáticos do Holoceno, contribuindo para compreender a ocupação humana e as estratégias de adaptação no Pantanal, além de fortalecer o campo da arqueologia ambiental e da história ecológica regional. O projeto também prevê formação de estudantes, publicações científicas e a ampliação do conhecimento sobre o patrimônio arqueológico pantaneiro.