Saúde do trabalhador na região de Campo Grande foi tema de conferência na capital

Postado por: Rodrigues dos Santos

Foi encerrada nesta terça, 03/06, em Campo Grande a I Conferência Regional de Saúde do Trabalhador que debateu temas relacionados às políticas públicas de prevenção e atendimento de problemas de saúde adquiridos no trabalho. A conferência contou com representantes de diversos segmentos de 17 municípios e foi preparatória para a conferência estadual. Estiveram presentes gestores e funcionários da área da saúde, representantes de usuários e de sindicatos de trabalhadores.

Para Ilidio Roda Neves, psicólogo e professor da UFMS de Corumbá e pesquisador do assunto no estado, é preciso avançar na implementação das políticas para o setor, melhorando a rede física de atendimento à saúde do trabalhador e definindo melhor o papel de cada agente.

Ilídio já pesquisou a incidência de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) em mulheres e a razão delas apresentarem esse problema mais que os homens. Sua conclusão é que isso acontece não por uma questão orgânica ou biológica da mulher mas pela sua colocação no mercado de trabalho e as condições oferecidas no emprego. Ele pesquisou também a implantação do serviço de saúde do trabalhador no interior do estado, considera que houve avanços e defende o SUS (Sistema Único de Saúde). “O SUS é nosso, é o resultado de uma luta histórica da classe trabalhadora e a participação dos sindicatos foi fundamental para isso. Hoje temos mais estrutura, mais serviços oferecidos na área da saúde do trabalhador. Mas no que tange à participação popular na formulação das políticas públicas para o setor e controle social houve um retrocesso. Para um SUS forte que atenda os interesses dos trabalhadores é necessária a participação da sociedade civil, dos sindicatos”, afirma. “Veja que nem todos os sindicatos tem uma diretoria de saúde do trabalhador. Os sindicatos precisam estar mais próximos dos CEREST´s (Centros de Referência em Saúde do Trabalhador)”.

O sindicalista Walter Ribeiro, da diretoria do sindicato dos eletricitários e da CUT, considerou baixo o número de sindicatos na conferência o que reflete, na sua opinião, a pouca preocupação da maioria das entidades para com um assunto de grande importância para os trabalhadores. “Sendo tema de interesse direto dos trabalhadores é preocupante essa ausência numa questão relacionada com a qualidade de vida das classes”.

Segundo Walter, já existem marcos legais importantes, como portarias do Ministério da Saúde e da Vigilância Sanitária, reportando às normas para fiscalização e atendimento da saúde do trabalhador que precisam ser implementadas. “É aí que entra o papel do sindicato, cobrando a efetivação do que já está estabelecido em lei e regulamentações. A luta não é só econômica, por melhorias salariais, mas por melhor qualidade de vida”. Ele cobra também mais transparência na divulgação dos dados e estatísticas sobre a saúde do trabalhador no estado, pois muitas vezes a sua realidade é mascarada no meio das informações do setor de saúde e doenças adquiridas por conta do trabalho não entram nas estatísticas como tais.

Para o professor Ilidio a pouca participação trabalhista é negativa “pois como vamos cobrar o poder público se o setor mais organizado e interessado – os trabalhadores representados pelos sindicatos – não participam. Saímos daqui com o desafio de colocar em prática as resoluções das conferências, portarias e decretos já existentes, assim como avançar na intersetorialidade. Aos CEREST´s cabe ser um pólo irradiador da política de saúde do trabalhador e não o único responsável. A responsabilidade pela saúde do trabalhador tem de ser toda a rede de saúde.”

 

Eber Benjamim

Jornalista

Fonte: http://linhaslivres.wordpress.com/2014/06/04/saude-do-trabalhador-em-campo-grande-foi-tema-de-conferencia/

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