Rede Geográfica de Análise da Pandemia aponta preocupação com índices da região de Corumbá

Postado por: ELISSANDRA CRISTINA RAMALHO

Situada numa região de fronteira e conurbada com as cidades boliviana Puerto Quijarro e Puerto Soarez, a microrregião de Corumbá registrou aumento no índice de crescimento percentual da Covid-19 entre os períodos de 1 e 15 de agosto, com índices preocupantes de morbimortalidade e taxa de letalidade.

Esse é um dos apontamentos apresentados no terceiro relatório técnico geocartográfico da macrorregião de Corumbá, divulgado hoje pela Rede Geográfica de Análise da Pandemia em Mato Grosso do Sul, composta por professores, técnicos e estudantes da UFMS, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB).

De acordo com o relatório, na primeira quinzena de agosto houve uma variação de 225% em relação aos óbitos. Os índices preocupantes de morbimortalidade são de 3,5 e 1,74 para Corumbá e Ladário, respectivamente, e a taxa de letalidade em Corumbá chegou a 3,8, uma das maiores do estado e bem maior que a média nacional.

De acordo com os pesquisadores, a faixa etária contaminada se concentra entre 11 e 50 anos; o centro concentra o maior número de casos acumulados, mas a doença se disseminou com força para os bairros mais afastados e a zona rural já tem 18 casos registrados até a data de hoje (21).

O nível de alerta permanece no limite quatro para Corumbá e três para Ladário, mantendo-se a curva em ascensão.

“A região fronteiriça tem 170 mil habitantes e os bolivianos buscam atendimento na Santa Casa, hospital de referência, apesar da fronteira Brasil-Bolívia esteja oficialmente fechada, mas o controle da fronteira seca, por sua extensão, é complexa”, afirma a professora do Campus do Pantanal Elisa Pinheiro de Freitas, uma das responsáveis pelo relatório em Corumbá.

Os pesquisadores alertam que, apesar de existir um apelo bastante forte do setor produtivo em todo estado no sentido de se evitar eventuais “colapsos” da economia, é preciso salientar que só tiveram êxito na contenção da doença as cidades, as regiões e os países que, ao alcançarem determinados níveis, tomaram medidas mais austeras para conter o avanço da doença.

“No curto prazo, compreendemos que a medida de deslocamentos essenciais pode impactar na economia da região. Todavia, a garantia da redução dos indicadores, na condição e níveis alcançados por Corumbá-MS, tende a preservar vidas, o sistema de saúde, bem como refletir positivamente na retomada da economia a médio e longo prazo”, afirmam.

Veja abaixo o relatório completo.

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Texto: Paula Pimenta