Projeto de Mapeamento dos Cururueiros de Corumbá, Ladário e Assentamentos

Postado por: LUIS FELIPE NEVES DE OLIVEIRA

No segundo semestre de 2018, a UFMS e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) celebraram um Termo de Execução Descentralizada com o objetivo de realizar o Mapeamento dos Cururueiros de Corumbá, Ladário e Assentamentos. São chamados de Cururueiros aqueles que produzem e/ou tocam a viola-de-cocho. Que possuem, portanto, o conhecimento, as técnicas na confecção e que sabem operar esse instrumento musical presente na região da bacia do Rio Paraguai, abarcando áreas dos atuais estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para ser considerado e aceito como Cururueiro pelos Cururueiros mais velhos é preciso articular saber, prática e compreender elementos relacionados à produção e manuseio da viola-de-cocho, do ganzá e/ou do mocho. A viola-de-cocho, produzida de forma artesanal pelas mãos de alguns mestres que residem atualmente nos municípios de Corumbá e Ladário, é utilizada em gêneros musicais tradicionais na região, como o Siriri e o Cururu.

Sob a coordenação do Prof. Dr. Divino Marcos de Sena, do Campus do Pantanal (CPAN), o projeto encontra-se em fase de finalização e disponibilizará os resultados da pesquisa no sítio eletrônico https://cururueiros.ufms.br/. A equipe, composta por mais três professores do CPAN e um docente externo, tem trabalhado na coleta de informações via entrevistas com os Cururueiros e Siririeiras da região. Esse material poderá ser consultado no referido site, onde também terá um mapa georreferenciado indicando a localização dos Cururueiros, bem como fotos, vídeos, letras de músicas (toadas) e outros materiais coletados e produzidos durante a pesquisa.

Apesar da importância da viola-de-cocho, do Cururu e do Siriri para a história e cultura da região pantaneira, do Mato Grosso do Sul e do país, elas correm o risco de desaparecer. A equipe de pesquisadores identificou mais de vinte pessoas relacionadas a essa prática, número relativamente pequeno se considerarmos que a maioria dos sujeitos possui idade avançada e que essa tradição ainda carece da atenção do Estado, com iniciativas que busquem meios para a sua preservação e valorização.

O IPHAN tem trabalhado no sentido de atenuar essa situação, promovendo oficinas que ensinem o modo de fazer a viola-de-cocho e outras iniciativas de salvaguarda da tradição. O convênio firmado com a UFMS é fruto dessa preocupação, e os resultados da pesquisa propiciarão ferramentas que contribuam para a preservação dos saberes que correspondem à viola-de-cocho, músicas, danças e personagens a ela relacionados.

Cururueiros de Corumbá e Ladário: Sr. Sebastião Brandão; Sr. Otávio Oliveira; Sr. João de Moura e Sr. Vergílio da Costa.

Foto: Divino Marcos de Sena. Agosto de 2019.